O Professor Abdias do Nascimento nos deixou como maior herança o Orgulho de ser Negro. (1914 - 2011)
Obrigada,
Cássia Marinho
Em seu livro Quilombismo (2002, p133,134) Abdias nos presenteia com um poema de Maria Isabel Nascimento Leme, onde ele o descreve como um exemplo de consciência negra libertada dos fantasma da brancura, limpa dos falsos valores de uma cultura e de uma religião imposta.
Quero ser negra, com a minha alma negra
Sou negra como a noite
Ou um olhar sem visão
Trago ainda no açoite
Bem viva a recordação.
Fui uma mísera escrava
A tudo ignorante
A mim somente importava
Lutar e seguir adiante.
Tentaram me tirar à essência
Mas ela é imaterial
Acusaram tudo de indolência
E me transformaram em animal.
Mas um trunfo eu tenho em mãos
Ninguém poderá me roubar
Podem tentar, será em vão
Ele é invisível ao olhar.
É algo que sempre trouxe comigo
Desde a mais tenra idade
É este algo sei que vou levar, amigo
Comigo para eternidade.
É minha alma negra
Tão negra assim como eu
Tal e qual minha cor tão negra
Que bom Oxalá me deu.
Quando um negro é bondoso
Dizem que é negro de alma branca
Mal sabendo o ditoso
Que é um golpe de retranca.
Se para a alma existe cor
Quero-a negra como eu
Para que conserve o sabor
De quem com ela viveu.
Poema declamado na apresentação da minha monografia : Marcas de Exclusão na Imagem pessoal da Mulher Negra (2005).
Um comentário:
Coragem, lealdade, persistência, verdade. Todos, valores concentrados na figura do Professor Abdias do Nascimento, que deixou exemplos magníficos de como cultuar nossa ancestralidade e afirmar o orgulho da nossa dignidade racial. Por falta de espaço aqui, não posso dizer mais do que gostaria e, por isso, me limito a assinar este breve registro usando o nome com que ele me batizou.
a) Xangô Eloá dos Santos
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